Coruchéus, a biblioteca que resistiu ao terramoto
Quem vê o simpático palacete do século XVII no bairro de Alvalade, não imagina que a Biblioteca dos Coruchéus que hoje ocupa o espaço viveu diversas vidas. Erguido no século XVII, o antigo palacete no coração de Alvalade serviu propósitos nobres e outros não tão nobres assim, até ser transformado numa biblioteca pública em 2013.
A construção fica onde antes estava a Quinta dos Coruchéus, agora tomada pelo bairro de Alvalade, uma propriedade agrícola com cerca de 4 mil metros quadrados de horta, pomar e olival.
A paz no local foi perturbada em 1755, quando o grande terramoto que destruiu parte da cidade de Lisboa quase deitou abaixo o palácio. À época regente também de Portugal, foi o rei Felipe II de Espanha quem manteve a estrutura de pé, por um motivo nada nobre: precisava de um local para acomodar as suas concumbinas.
Após abrigar as aventuras extraconjugais do monarca, o palacete andou a trocar de donos até pertencer à uma atriz, Maria das Neves, no início do século XX. Moradora do andar superior, ela arrendava o restante do edifício a uma dezena de inquilinos, que viviam em espaços de apenas uma divisão.
Em 1945, o Palácio foi considerado inabitável devido às más condições e chegou-se até pensar demoli-lo. A elevação de Alvalade a bairro da moda nos anos 1970, porém, foi fundamental na recuperação do prédio
Em 1971, virou o Centro de Artes Plásticas dos Coruchéus, até finalmente em 2013 fazer parte da rede de bibliotecas da Câmara, sua atual vocação. Em 2019, uma revitalização do Espaço pôs em funcionamento um quiosque e um novo jardim. Vale a pena visitar.
Por Álvaro Filho