Não estamos a falar de um rinoceronte qualquer: trata-se da primeira representação escultórica de um rinoceronte na Europa.

Mas de onde vem este rinoceronte? Em 1514, o fundador do Império Português no Oriente, Afonso de Albuquerque, tencionava construir uma fortaleza em Diu, no reino de Cambaia, que era governado pelo rei Modofar. Para tal, o rei de Portugal, D. Manuel I, autorizou o envio de uma embaixada ao reino de Cambaia para que assim se construísse a fortaleza.

Modofar não acedeu ao pedido, mas fez algo curioso: ofereceu a Afonso de Albuquerque um rinoceronte. Um rinoceronte que chegaria a Lisboa depois de quatro meses de viagem, desembarcando no local de construção da Torre de Belém e fazendo furor.

Os portugueses nunca tinham visto nada assim: ali estava um animal grande e rugoso, o primeiro rinoceronte vivo em solo português. Um ano depois, o rei decidiu oferecê-lo ao Papa Leão X na embaixada de D. Manuel ao Papa, em 1513 e que tinha como objetivo reiterar a obediência do soberano português e ao mesmo tempo garantir da Igreja o reconhecimento do papel de Portugal na descoberta e conquista de novos territórios e a sua soberania sobre eles. O rinoceronte, para sempre imortalizado na Torre de Belém, acabaria por morrer na viagem, com a nau a naufragar ao largo de Génova.