Em Alvalade, um cineclube mantém viva a memória dos cinemas de bairro
Em Alvalade, nove amigos uniram o amor pelo Bairro com o gosto pelo cinema e deram vida a um projeto que mobiliza os vizinhos do bairro. Fundaram o Alvalade Cineclube numa nova casa, ocupando a sala Fernando Lopes, na Universidade Lusófona, no Campo Grande. O nome homenageia um dos grandes realizadores do cinema português.
A mudança de morada trouxe melhorias na acústica e no conforto, com a ampliação da capacidade de 80 para 160 lugares - e trouxe consigo a memória de uma das grandes “catedrais” da sétima arte em Lisboa, o cine Monumental: as poltronas e o projetor vieram da sala 2 do mítico cinema.
A atmosfera do cineclube de ponto de encontro entre os vizinhos também se estende aos estrangeiros, mesmo sem o domínio completo da língua portuguesa. Como muitos filmes passam ao largo do circuito comercial de Portugal, às vezes chegam à programação com legendas noutros idiomas, como o inglês ou o francês.
Concebido a “dezoito mãos”, o cineclube não está em Alvalade por acaso. Todos os nove integrantes viveram no bairro em alguma fase da vida – quatro ainda vivem – e guardam lembranças afetivas da freguesia, além das memórias das tardes de cinema numa das várias salas que se estendiam pela avenida de Roma.
Entre as salas, o antigo Cine Alvalade, onde hoje opera o Cinema City, um dos poucos remanescentes dos cinemas de rua de Lisboa. Aberto na década de 1950, o antigo Cine Alvalade tinha lotação para 1.485 espectadores e funcionou até meados dos anos 1980.
Por Álvaro Filho