Uma barca e dois corvos: São Vicente, o antigo padroeiro de Lisboa
O dia 22 de janeiro marca mais um aniversário da morte de São Vicente, o santo que já foi o padroeiro de Lisboa e do Reino de Portugal, até ser substituído por Santo António, hoje imbatível na preferência dos lisboetas.
Por isso, ao contrário do 13 de junho (o dia de Santo António), os aniversários de morte de São Vicente passam despercebido para a maioria dos lisboetas. Mas se hoje é assim, em 1173 era bem diferente.
O ano marca a chegada das relíquias de São Vicente a Lisboa, depositadas primeiro na igreja de Santa Justa, na Baixa Pombalina, desaparecida durante o terramoto de 1755. Bem antes da terra tremer, porém, as relíquias de São Vicente já haviam sido transferidas para a Sé de Lisboa, onde estão até hoje.
Nascido provavelmente em Saragoça, em Espanha, Vicente foi capturado pelos romanos e levado a Valência, onde foi martirizado. Teria sofrido da tortura de sono ao desconjuntamento dos membros e o corpo atirado ao chão para ser devorado pelos animais, dentre eles os corvos.
Estranhamente, os pássaros renunciaram à sua característica necrófoga e passaram a defender os restos mortais de São Vicente dos demais predadores, no que foi considerado o seu primeiro milagre.
Corvos que acompanharam a barca que trouxe as relíquias de São Vicente para Lisboa em 1173. Vem daí o barco ladeado por dois corvos que até hoje ilustra a bandeira de Lisboa e dos demais símbolos da Câmara Municipal da cidade.
São Vicente foi padroeiro de Lisboa até 1981, substituído por Santo António, que em 1930 já tinha ocupado o posto dele como padroeiro de Portugal. O antigo padroeiro da cidade tem uma estátua dedicada a ele nas Portas do Sol, tendo como pano de fundo a igreja que leva o seu nome.
Por Álvaro Filho